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domingo, 22 de maio de 2011

Reflexões da era da "modernidade líquida"

"Um diploma de primeira linha foi, durante muitos anos, o melhor investimento que pais amorosos poderiam fazer no futuro de seus filhos, e dos filhos de seus filhos. Acreditava-se nisso. Mas esta crença, como tantas outras que fizeram o Sonho Americano (e não só americano, reconheçamos) está sendo abalada hoje. O mercado de trabalho para os possuidores de credenciais de educação encolhe em termos globais, isso é um fato. Hoje muitos daqueles que se diplomaram com alto sacrifício familiar veem os portões do sucesso ser fechados na sua cara. A verdade é que a "promoção social via educação" serviu durante muitos anos como folha de parreira para tapar a desigualdade nua e indecente: enquanto as conquistas acadêmicas estavam correlacionadas a recompensas sociais generosas, as pessoas que não conseguiam ascender nessa direção só podiam se culpar - descarregando sobre si mesmas amargura e ódio. Agora nós nos defrontamos com um fenômeno novo, que é o desemprego entre os formados, ou então o emprego em nível muito baixo de expectativas, mas tanto uma coisa quanto outra têm potencial explosivo, basta ver os recentes levantes no Oriente Médio. Como enfatiza Cohan, os egípcios rebelados são gente jovem com educação superior, mas sem emprego, gente que já vem sofrendo com isso há algum tempo sem encontrar perspectiva. Posso também pegar o exemplo da Polônia, onde nasci. Nos últimos anos, foi espetacular o aumento nos custos da educação, assim como foi espetacular a polarização da renda e a desigualdade social. Recente reportagem do jornal polonês Gazeta Wyborcza traz impressionantes relatos de jovens diplomados em boas escolas, que hoje se sujeitam a ocupações muito aquém daquilo com que sonharam. Eles guardaram seus diplomas entre as lembranças da família, e partiram para ganhar a vida".

Zygmunt Bauman

Lendo este trecho da entrevista do pensador polonês Zygmunt Bauman, concedida ao jornal O Estado de São Paulo, publicada em 30 de abril de 2011, muitas coisas foram aclaradas. Tudo isso é bem real e duro, diga-se de passagem. Hoje, todo mundo faz faculdade, está se qualificando, inclusive, com muitos incentivos do governo. Entretanto, ninguém está pensando: como mercado vai absorver a essa crescente demanda de profissionais? Isso é algo sério e que deve ser pensado desde já!
Estou vivendo isso neste momento e é muito doloroso pensar que tantos sacrifícios, anos de estudos, responsabilidades e muita dedicação, não são recompensados como se acreditava. Sou graduada e mestre, mas não consegui me inserir na minha área, isso por diversas razões que dariam muitos posts. Atualmente, estou fazendo um "bico", apenas para me manter e para não me deprimir ainda mais; além disso, estudo para concursos.
Passei em um, em 1º lugar, que nem estudei e fiz por fazer, para professora de Artes do estado, para dar aulas em escolas públicas, repletas de alunos desrespeitosos e sujeita a enfrentar diversas dificuldades. Estou esperando agora a publicação do resultado final, pós prova de títulos... Na verdade, não tenho licenciatura porque nunca quis esta área, mas o edital deixou uma "brecha", pediu licenciatura em cinema e audiovisual, que não existe ainda e meu curso é audiovisual assim como sempre pesquisei sobre cinema. Por isso, acho que serei aprovada mesmo. Não estou nem um pouco animada, mas terei que assumir, pois, ao menos, terei plano médico e estabilidade. Fiz o concurso porque minha irmã, que fez Letras, me convenceu de que seria uma experiência fazer este concurso. Resultado: ela perdeu e eu passei...
Já o outro concurso para docente em universidade pública, fui reprovada. O aprovado era "pupilo" de um professor de outra universidade, ainda mestre e, olha a ironia, ganhou de uma outra concorrente que era doutora. Fiquei chocada com tantas "maracutaias" e decidi que não me submeterei novamente a isso, por isso, farei apenas outros concursos.
Se der certo mesmo, pretendo assumir este cargo que passei e continuar estudando para passar em outra coisa e sair rapidamente desta área. Só peço que Deus me proteja e me dê forças para enfrentar o que virá. Posso estar sendo pessimista demais, mas sei como funciona a realidade, por ter ouvido várias histórias. Bem, que Deus me abençoe!

Quem quiser ler a íntegra da entrevista, pode clicar aqui.

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