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domingo, 8 de agosto de 2010

Ser ou não ser?



Acompanhadas de três amigas, uma delas evangélica, em uma palestra da igreja, um jovem confessou-se virgem, aos 28 anos e noivo, prestes a se casar em setembro; pouco tempo depois, uma das minhas amigas vira-se para a outra, não-evangélica e virgem, com a mesma idade do jovem da palestra, e diz: “acho que você devia ser evangélica, ainda é virgem!”. Após o ocorrido, essa amiga veio me contar que se sentiu constrangida com o que havia ouvido, respondendo àquela opinião da seguinte maneira: “sou virgem por opção, tive relacionamentos, mas me recuso a transar por transar, com uma pessoa que me não trate de forma decente!” e era verdade, seus relacionamentos sempre foram ruins, homens grosseiros e que não combinavam com ela, por isso, não duravam muito tempo e, ela, romântica ainda espera, ao menos, encontrar alguém que ela se sinta segura e atraída o suficiente para iniciar a vida sexual, o que concordo. Ela disse que não entendeu o comentário da nossa amiga como maldade.

Como pesquiso sobre as relações de gênero, pensei: “está aí um grande tema de discussão...”. A partir destes fatos, me coloquei no lugar desta amiga e fiquei me perguntando: hoje, a virgindade não é nada, não que eu ache que deva ser algo supervalorizado como antigamente, mas a opção a transar deve ser de cada um ou não? Por que não ser mais virgem para mostrar aos outros, quando essa não é a vontade? Há uma idade limite para ser virgem?
Na sociedade pós-moderna, o sexo está banalizado demais, vive-se numa época de relações momentâneas e superficiais, a vida sexual é iniciada cada vez mais cedo e, de forma, até irresponsável, muitas vezes. Mary Del Priore, em História do amor no Brasil (2006), afirma:

Hoje, elas ‘dão’, mas não se dão. Está certo. Se a revolução sexual foi, antes, considerada uma libertação diante das normas de uma sociedade puritana e conformista — a burguesa e vitoriana — ela, atualmente, promove uma sexualidade mecânica, sem amor, reduzida à busca do gozo. Já há quem diga que tal banalização está levando a um contra-ataque: uma corrente neoconservadora, nascida na década de 1990, nos Estados Unidos, começou a reagir contra as derivas do liberalismo sexual (DEL PRIORE, 2006, p. 12).

Não sou favorável à volta aos padrões morais e sexuais rígidos, mas, ao menos, cabe a cada um decidir sobre sua vida e seu corpo. Quanto aos avanços feministas, penso: até que ponto essa banalização é boa? Foi para isso que as mulheres lutaram tanto? Sexo é bom, gostoso e saudável, contudo, creio que as heroínas feministas não pensaram na degradação feminina, pois os homens já não têm qualquer respeito e, as mulheres, vulgarizadas, estampadas em revistas masculinas, TV etc., servem de inspiração para a mulher moderna, como se o corpo e o prazer momentâneo fossem mais importantes que a consciência e a vontade da razão. Talvez, por isso, Nelson Rodrigues, na crônica Inimiga pessoal da mulher, escrita em 17 de abril de 1971, considerou o feminismo e as idéias de Betty Friedan como “inimigas das mulheres”, por acreditar que queriam transformar a mulher em “um macho mal-acabado, que precisa voltar à sua condição de macho”.

Ora, antigamente, o homem não podia manter-se virgem, isso era obrigatório e mesmo padrão, ai daqueles que tentassem, eram chamados de maricas (gays); os homens deveriam começar a vida sexual bem cedo e ter inúmeras mulheres, enquanto às mulheres, deveriam manter-se virgens até o casamento. Hoje, elas também já se iniciam cedo, assim como os homens, porém, há um padrão de negação da virgindade e, muitas meninas, começam a vida sexual pressionadas pelas amigas, como se fosse um peso, mas onde fica a vontade pessoal nisso tudo? Cabe pensar sobre isso... Apoio a decisão da minha amiga, a considero corajosa e com personalidade; se ela não se sente à vontade ainda, não importa a idade... O melhor é que seja com alguém que a estimule o suficiente e que seja prazeroso (por mais difícil que isso seja, na primeira vez!)... rsrsrs. E vocês o que acham?

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